domingo, 6 de março de 2011

LOLÓ NÃO É PERFUME


Loló não é brincadeira, é um risco neste carnaval
Especialista em farmacologia alerta para os perigos do produto, que variam desde uma simples alucinação até parada cardíaca.
Nilton Bezerra do Vale, especialista em farmacologia.
Em tempos de festas e micaretas em que reúnem grande quantidade de pessoas, quase sempre é percebido alguns produtos alucinógenos, sobretudo os solventes. Mas no carnaval, a presença dos tradicionais inalantes “loló” e “lança perfume” aumenta consideravelmente, devido a sensação de euforia instantânea que estas combinações de substâncias químicas proporcionam.
Nos carnavais do início do século XX, o “cheirinho da loló” era utilizado como brincadeira para perfumar os ambientes, inclusive por crianças. Mas quando descoberto o seu poder entorpecendo começou a ser utilizado para meios “nada inocentes”.
O uso indiscriminado pode trazer sérios riscos à saúde. No mês de janeiro, Francineide Josimário dos Santos, de 32 anos morreu de tanto cheirar loló no bairro do Planalto. O fácil acesso, a dificuldade de fiscalização policial e a falsa impressão de que são inofensivos banalizam o produto e permitem o grande consumo.
O especialista em farmacologia e anestesiologista da Maternidade Escola Januário Cicco, Nilton Bezerra do Vale, alerta para os perigos da substância. “A curto prazo, quando inalado em quantidades abusivas pode causar parada cardíaca. O consumo freqüente desta substância traz problemas ao fígado, perigando ao de hepatite.
De acordo com o médico, idosos, hipertensos, cardiopatas, doentes renais crônicos e portadores de hipertireoidismo devem passar longe da droga. Quando potencializados sob adição de bebidas alcoólicas, o efeito no organismo é ainda mais devastador. “Como é consumido na maioria das vezes por jovens, que não se impõem limites, o usuário de solvente e bebida alcoólica pode se embriagar com mais facilidade e se machucar em uma queda, por exemplo”, alerta o médico.
Outro agravante é o fato dos traficantes por muitas vezes venderem o entorpecente trocam um dos dois componentes químicos. Eles misturam qualquer outra coisa em substituição, o que traz complicações quando se tem casos de intoxicação aguda por esta mistura.
O que é loló?
O loló é um solvente e por ser extremamente volátil pode ser inalado. É composto por dois compostos químicos: clorofórmio e éter (adicionado de álcool e essência perfumada). É a versão caseira do lança-perfume, que por sua vez, tem como composto químico de cloreto de etila e é vendido em larga escala.
Fotos: Reprodução
O loló é composto por dois compostos químicos: clorofórmio e éter.
De acordo com o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, o loló é uma droga legal, porém o uso com fins de abuso é proibido e a comercialização é considerada tráfico.
Efeitos
Inicialmente a inalação de loló provoca excitação, alegria e aceleração da freqüência cardíaca. Os efeitos da droga podem variar conforme a quantidade inalada pelo usuário, desde um pequeno zumbido até fortes alucinações.

Também é característica o formigamento das extremidades, no caso, mãos e pés e da face. Após o efeito da droga, segue náuseas, depressão, dores de cabeça e mal estar.